A Méliuz (CASH3) vive um momento de forte recuperação na Bolsa brasileira. Após anos de desvalorização desde sua estreia na B3 em 2020, a companhia agora assiste a uma expressiva valorização de suas ações, impulsionada por uma nova estratégia envolvendo criptomoedas. Apenas em 2024, os papéis da empresa já acumulam mais de 230% de alta, sendo que só nesta semana o avanço superou 30%.
A guinada no desempenho das ações teve como principal catalisador a decisão da empresa de adotar o Bitcoin (BTC) como uma forma de reserva de caixa. Seguindo uma tendência que vem ganhando força entre empresas internacionais — como é o caso da MicroStrategy — a Méliuz oficializou a aquisição do ativo digital e passou a integrar o movimento “Bitcoin For Corporations”, liderado por Michael Saylor, defensor de longa data do Bitcoin como reserva de valor corporativa.
Em março, a Méliuz deu o pontapé inicial ao adquirir 45 bitcoins, investimento avaliado em aproximadamente US$ 4,1 milhões à época. Na mais recente atualização divulgada nesta sexta-feira (16), a companhia revelou a aquisição de mais US$ 28,4 milhões em Bitcoin, elevando o total para 320 unidades, com um preço médio de compra estimado em US$ 101,7 mil por bitcoin.
Com essa movimentação, a Méliuz se tornou a primeira empresa listada na B3 a oficializar o Bitcoin como parte de sua estratégia de tesouraria. A administração destacou que a decisão visa preservar valor no longo prazo, especialmente diante da perda de poder aquisitivo do real ao longo das últimas décadas — estima-se que desde 1994 a moeda brasileira tenha perdido quase 90% de seu valor.
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Apesar da adoção oficial ter ganhado força em 2024, a relação da Méliuz com o universo cripto não é nova. Em 2021, a empresa adquiriu a fintech Alterbank, especializada em soluções com ativos digitais. Desde então, passou a investir em iniciativas voltadas ao setor, como o lançamento de uma funcionalidade que permite aos usuários converter o cashback acumulado em compras diretamente em Bitcoin, sem custo adicional.
Segundo Claret Sabioni, que liderava a área de cripto da empresa na época do lançamento em 2022, “o usuário pode receber entre 1% e 2% de cashback ao utilizar o cartão da Méliuz em compras, além de até 30% em parceiros específicos. Até mesmo escanear notas fiscais de supermercado garante cashback, que pode ser convertido em Bitcoin a partir de R$ 20 acumulados”.
Esse conjunto de ações tem ajudado a reposicionar a Méliuz no mercado, com investidores reagindo positivamente à visão estratégica da empresa em relação à digitalização financeira e à proteção de valor. Após um período de forte queda, em que as ações chegaram a ser cotadas abaixo de R$ 3, os papéis voltaram a ser negociados acima de R$ 9 — um patamar próximo ao valor de lançamento na época do IPO.